quarta-feira, 6 de março de 2013

Os núcleos estão se matando, e agora?


Talvez você goste de xadrez, talvez não. Isso, em regra, não é relevante para a salvação, mas pode ser útil para esse post. Imagine que um bispo domina uma longa diagonal (a1-h8), oferecendo risco a linhas de peões adversários. O jogador adversário, assustado com a jogada, avança um peão, tentando proteger sua linha e seu roque (p. f6). Percebendo que a troca possibilitará um avanço crucial da rainha, o bispo se entrega, forçando a troca com o peão g7. Todavia, a rainha não avança - com medo, preguiça ou descaso - ela perde o tempo crucial do ataque, mandando o cavalo em seu lugar.
Bem, isso às vezes acontece na ABU. Às vezes seu núcleo se entrega por algo, se sacrifica para que alguma coisa aconteça, mas os demais núcleos da mesma cidade não reagem da forma que vocês esperavam. Muitas vezes nos esforçamos para fazer um evento bacana (como treinamento, palestra, noite do pijama), todavia, já na fase de preparação, algumas pessoas começam a reclamar dos preletores, do dia, do local... então, após vários esforços para manter seus objetivos, vocês percebem que os demais núcleos não se entregaram ao evento e, além de cansados, vocês se sentem abandonados.
Para resolver o problema da falta de sinergia entre os núcleos, uma vez que a ABU é um movimento feito pela junção de grupos, é importantíssimo estabelecermos o GB (Grupo Base). Trata-se de uma reunião administrativa que une os diversos núcleos de ABU de uma cidade, acontecendo em datas predefinidas (quinzenalmente ou mensalmente), podendo ter, inclusive, cargos determinados, que destoem dos cargos dos núcleos (o que chamamos de diretoria da cidade: presidência, tesouraria, oração). O GB é a garantia que todas as peças estejam pensando em equipe, em prol de objetivos em comum.
Há cidades que possuem apenas um núcleo, portanto, o GB será uma reprodução desse núcleo. Entretanto, nesses casos, nada impede que definamos que o líder do núcleo seja diferente do presidente do Grupo Base, nem que haja outros cargos que não são comuns há um núcleo de estudos da faculdade (por exemplo, tesoureiro, secretario de treinamento – no próximo post tratarei um pouco desses cargos).
Mesmo que o núcleo se confunda com o GB, é fundamental termos reuniões de GB separadas, a fim de evitar que se leve questões administrativas para nossos núcleos. Debates administrativos nunca são agradáveis, pois, geralmente, não se chega a um consenso. Em regra, são apenas debates em que vários integrantes tentam impor seu estilo ou forma de pensar, o que pode ser desagradável para os visitantes e pode gerar divisões na frente dos menos envolvidos (essas coisas normalmente geram brigas, não comuns em núcleos de estudo).
Se há mais de um núcleo na cidade, o ideal é que o GB tenha uma diretoria própria, envolvendo várias pessoas de grupos diferentes. Por exemplo, há reuniões em 3 faculdades particulares e em 1 pública, tente, então, ter representantes das quatro faculdades. Isso é fundamental para o grupo saber que não está andando sozinho. Claro, isso não é algo obrigatório, nem é, muito menos, uma forma de controlar os núcleos. Mas, se podemos dar ouvido a todos eles, por que devemos nos fechar numa panelinha? Devemos considerar também que um núcleo, em regra, é só um núcleo, sendo seu caminhar solitário e, por vezes, triste. Quando passamos dificuldades, na líderança de um núcleo, sem o apoio de toda ABU, somos apenas 1 pessoa passando dificuldade, mas, se tivermos noção de grupo, toda ABU sofrerá conosco e nos ajudará a superar essas dificuldades.
O GB tem, dessa forma, um fim administrativo, fazendo com que decidamos questões procedimentais que envolvam o movimento de dada cidade. Com esse intuito, podemos perceber que cabe ao GB:
1- Estabelecer os objetivos do grupo de uma cidade (que tal fazermos uma semana de palestras em nossas faculdades? Que tal integrarmos melhor as faculdades públicas e particulares? Que tal fazer uma sorvetada para receber os calouros? Que tal chamarmos uma banda para fazer um lual?);
2- Definir metas para alcançar nossos objetivos (como podemos montar uma sorvetada pros calouros? Que dia será? Quem pode comprar os sorvetes? Quem pode arrumar o lugar? Quem cuidará da divulgação? Quem pode conseguir ofertas para deixar mais barato para calouros? Como faremos cada uma dessas etapas?);
3- Interligar diferentes núcleos de uma mesma cidade. Para isso, é crucial que se dê abertura aos núcleos durante a reunião de GB, sempre perguntando: como vai o núcleo de Grayskull? Como tem sido as reuniões? Como tem sido a participação de outros integrantes do grupo? Quais os problemas têm enfrentado? Como os demais grupos podem ajudar? O que planejaram para esse semestre? Após essas perguntas, bom seria que os núcleos orassem um pelo outro durante a reunião;
4- Interligar diferentes núcleos com a ABU regional e ABUB. Muitos núcleos perdem a noção do tamanho da ABU. Muitos líderes nem se quer sabem o que é a ABU. Acham que ABU é uma associação que financia cartazes, por isso devem escrever ABU nos cartazes de seus clubinhos. Então, o GB é um bom momento de integrar esses núcleos, fazendo repasses da região, da nova diretoria nacional, de encontros, de cursos de férias, da ABU Editora;
5- Buscar um retorno positivo ou negativo de toda ABU, da atuação da diretoria daquela cidade e se os objetivos buscados pelo grupo como um todo tem sido alcançados (Como foi o ciclo de palestras? Onde erramos? Onde acertamos? Como podemos melhorar da próxima vez?);
6- Treinar os núcleos. Se sua ABU da cidade tem tido dificuldades de entender o movimento, leve um palestrante que explique como funciona a ABU; se vários membros têm reclamado de exaustão, leve um palestrante que fale sobre como organizar o tempo; se alguns têm medo do futuro, leve alguém que fale sobre provisões divinas. Escute a ABU e veja o que precisa ser falada pra ela, sem dar indiretas (em breve, aqui, no “... e agora, ABU?”);
7- Buscar confraternização dentro da ABU: todas as peças devem estar jogando juntas, sendo guiadas pelas mãos de só um jogador, que é Cristo. Nisso, não há espaço para o jogo individual, marcado pela autoconsideração. Há lugar apenas para o jogo de humildes subalternos do jogador maior. Devem, portanto, as reuniões buscar a confraternização para que as peças comecem a pensar juntas, sendo guiadas pelo jogador maior.
Confraternização é fundamental. A vida nos mostra isso. Quando namoramos, por exemplo, tentemos a ser bem mentirosos no início. Nossas namoradas nos chamam para ver balé, bem no dia que passará UFC, mas fingimos que está tudo ótimo, mesmo que, no fundo, estejamos desesperados para voltar para casa e ver as últimas lutas. Com o passar do tempo, a namorada passa a respeitar nossos dias de UFC e passamos a gostar dos dias de balés. Por fim, quando muitos anos se passam, a sinergia do casal torna-se tão intensa que difícil é definir onde um começa e um termina: ambos passam a pensar igual a tal ponto que é difícil imaginar um sem que se imagine o outro.
O grupo é um pouco assim, no começo as rusgas e as farpas voam loucamente. Com o tempo, as amizades se afloram e um calor nos une. Mesmo que não concordemos com algo, passamos a aceitar que aquela pessoa pense daquele jeito (minha namorada nunca vai gostar de UFC, mas ela aprendeu a respeitar meu desejo por violência gratuita e pelo desrespeito à integridade física dos lutadores – em contrapartida nunca vou entender que graça tem ver homens dançando de colã, mas continuo indo praquela confusão). Por isso é crucial não apenas montar reuniões administrativas, mas reuniões para bater papo, ver partidas de futebol, ir a teatros, brincar com jogos (com exceção daquele jogo do copo, que perguntamos aos espíritos quem vai casar com quem... aquele jogo é pecado).
Claro, a confraternização não basta. Normalmente achamos que nossa simpatia, nossa vontade e nossa alegria serão suficientes para estabelecer relações verdadeiras, como se fossemos tão magnéticos que seríamos capazes de atrair as pessoas de tal forma que elas se tornassem nossos amigos... você pode ser gente boa, mas não é assim que funciona. Quando lemos Ef. 2:11-22 percebemos que éramos alienados não só em relação a Deus, mas aos outros também (v. 11 e 12). Todavia, percebemos que Jesus Cristo trouxe-nos a paz, reaproximando-nos (v. 13 a 18), criando uma nova sociedade marcada por concidadãos.
Esse texto torna bem claro a importância de Jesus Cristo, não apenas reconciliando-nos com Deus, mas com o próximo. Não devemos ser peças solitárias em um xadrez, mas percebermos que o próprio Deus deve estar nos regendo, outorgando-nos privilégios e as responsabilidades que seu domínio subentende. Esteja, portanto, ligados diretamente não apenas um com o outro, mas com a vontade de Deus, estudando a bíblia, bons autores, tendo tempo de oração em conjunto e de leitura de salmos. “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações”Atos 2:42.
Apenas criando uma interação forte entre diversos grupos de ABU, sua cidade irá progredir. Por isso o GB é fundamental. Se um núcleo, sozinho, pode sonhar com muitas coisas, vários núcleos podem sonhar mais, lutar mais, realizar mais e se sacrificar mais, pelo bem da próxima jogada, orientada por Deus. Esteja atento para os demais núcleos...
No próximo post vou falar sobre cargos na diretoria da região.
Alguma sugestão?

Nenhum comentário:

Postar um comentário