Minha segunda
posse, agora como presidente, foi meio perdida também. O antigo presidente me
ajudou muito na época (se elegendo, inclusive, tesoureiro da ABU-BH), mas a
sensação de que não fazia a mínima ideia do que estava fazendo esteve presente
por bons 3 ou 4 meses de meu “mandato”... Quis mudar coisas que não devia,
ignorei pessoas que não devia, ouvi pessoas que não devia, e acabei devendo
àqueles que realmente devia. Agora, após vários anos de ministério, acredito
que posso refletir melhor sobre meus erros e acertos, mesmo que os últimos
tenham sido mínimos.
Ao assumir um
novo cargo em sua ABU, creio que seja comum as seguintes perguntas: “será que
vou fazer algo de bom? Será que sou capaz? Será que tenho boas ideias? Será que
vai dar certo?”. Essas perguntas e muitas outras podem vir de dois motivos, sendo
os dois comuns.
As perguntas,
primeiramente, podem vir da preocupação sobre o ministério que você está para
assumir. Isso é bom, pois reflete seu amor por seu ministério e revela a sua
preocupação com ele.
O segundo
motivo que fará você se perguntar a respeito disso é comum, mas emerge do
egocentrismo cristão: não estamos mais preocupados com a obra, com o fazer a
ordenança de Cristo, mas em sermos os escolhidos que fizeram a diferença.
Portanto, este motivo egoísta reflete nossa preocupação não com o evangelho de
Cristo, mas com nossa própria imagem e desespero de estar frente aos holofotes.
Ao assumir um cargo na ABU, pense sempre: para quem estou fazendo tudo isso?
Colocar Cristo no centro é a única forma de levar o cristianismo com pureza às
nossas faculdades. Se colocar-se no centro, por outro lado, além de fazer gerar
estas perguntas egoístas, gerarão padrões seculares ao seu grupo de ABU:
“nossos GBs estão cheios? Nossos núcleos estão se reproduzindo? As pessoas têm
me visto? Sou um grande líder? Como a ABUB vê meu núcleo? Será que a ABU tem
reconhecido tudo que estou fazendo?”... Ser antropocêntrico não impede você de
fazer coisas grandiosas (na vista dos outros), mas você passa a fazer pelo
motivo errado.
Após refletir
sobre seus atos (cuidado, pois adoramos dizer que tudo é para Cristo, antes de
realmente refletir sobre nossos motivos!), devemos buscar algumas informações
acerca do núcleo. Converse com os ex-líderes, ex-integrantes, integrantes
atuais e, principalmente, com integrantes do meio acadêmico em que você se
insere (afinal, eles devem ser seu alvo). Faça, assim que possível, reuniões
individuais (reuniões é jeito de dizer, mande um e-mail, ou um post no face, ou
pague um lanche) e busque informações que achar necessárias, dentre as quais
talvez seja interessante responder as seguintes perguntas:
1- Como somos
vistos dentro de nossos muros universitários? Um grupo de lunáticos que não
pensa? Ou talvez um grupo de intelectuais alheios às preocupações
universitárias?
2- Como temos
recebidos nossos integrantes e visitantes? Temos consciências que Deus nos
chamou para levar sua palavra para eles ou temos usado a ABU como um grupo de
amigos (vulgo panela) ou uma forma de autopromoção (e, por que não, arrumar
namorada)?
3- O que
preciso saber sobre esse grupo de ABU? (há muitas coisas nas entrelinhas que
não conseguimos compreender. Um exemplo: minha amiga gostava de me ajudar no
núcleo da ABU-Direito e sempre admirei sua capacidade de liderança. Um tempo
depois ela sumiu. Pedi a uma amiga que conversasse com ela, que justificou sua
prolongada ausência: “Eu só ia à ABU por que estava afim do He-man (nome
fictício), você sempre soube que tinha começado a ir lá por causa dele! Mas ele
formou...” Assim, perdemos nossa futura líder)
4- O que
fazemos bem como grupo da ABU?
5- O que
fazemos mal como grupo da ABU?
6- Quais
problemas temos que resolver com certa urgência?
7- Qual a
nossa relação com a liderança da ABU?
8- O que você
espera de mim?
8- Como você
pode me ajudar nisso?
Todas essas
conversas devem ser objeto de anotações, para que, depois, quando estiver
sozinho, escreva sobre os pontos levantados, de acordo com sua capacidade de
entendimento de cada um dos problemas enfrentados e de como resolvê-los.
Em par dos
problemas, dificuldades, entrelinhas e coisas boas, está na hora de sonharmos
com uma ABU melhor. Sonhar é uma capacidade de pensar em algo que pode nunca se
realizar, então, tome cuidado... Tem gente que sonha de mais, por isso nunca
está realizado; tem gente que sonha errado, por isso nunca SE realiza; tem
gente que não sonha, por isso nunca sai do lugar. Tenha um sonho modesto,
focado, principalmente, no bem do grupo e como interagi-lo com seu propósito. E
cuidado com sonhos megalomaníacos, que desrespeitem o movimento e tudo que foi
até então criado. Às vezes, tentando resolver problemas do movimento, acabamos
por descaracterizá-lo, desrespeitando as pessoas que nos antecederam e
afastando-as. Por isso, primeiro entenda o grupo, como ele se encontra e, só
depois, sugira algo com toda humildade possível, sabendo que, talvez, o melhor
seja você ser ignorado.
Marque,
então, uma reunião com os líderes em influência daquela ABU (ou seja, pessoas
mais envolvidas, ou que já tiveram envolvidas com o movimento). Faça uma
reunião informal (se possível em sua casa, ou casa de alguém, ou em uma
lanchonete) e avise o tema: “planos para 2013”. Tá aí a oportunidade de mostrar
seus sonhos e ouvir sonhos alheios: todos devem estar conscientes do que deve
ser feito e acreditar no que será feito!
Lembre-se
que, antes de tomar qualquer decisão, você deve ouvir as pessoas que estão
próximas e que serão afetadas por aquilo que você deseja fazer. Se impuser seu
ponto de vista sem sequer ouvir opiniões diversas, você não poderá contar com a
parte mais importante do seu trabalho: o comprometimento de toda a equipe. Se
ouvir mais suas ideias do que seus amigos, você poderá terminar sua liderança
só com elas.
Por fim,
falta uma coisa muito importante e que deve ser feito desde o início: dividir
funções. Delegar funções é uma parte importante de qualquer liderança.
Primeiro, impedimos a solidão do cume do poder (uma coisa comum, quando se vira
líder, é achar que pode fazer tudo e que, para ser bem feito, você deve
participar... cuidado com a vaidade, que nos afasta das demais pessoas para um
culto incessante a nos mesmos). Segundo, permitimos que pessoas utilizem seus
dons (“poxa, se tem um cara que é contador, entende tudo de economia, é
envolvido com o movimento, por que ele não pode ser nosso tesoureiro? Por que tem
que ser eu, que faço história?”). Terceiro: possibilitamos que mais pessoas se
envolvam no movimento... Como dizia o tio Bem: “Grandes poderes trazem grandes
responsabilidades”.
Cada grupo
tem sua característica e, por isso, cada um deve ter suas funções definidas por
ele mesmo (olhe no estatuto da ABU sobre cargos obrigatórios). Na ABU-BH,
delegamos funções da seguinte maneira: Presidência; Vice-Presidência;
Secretaria; Tesouraria; Secretaria de Comunicação e Literatura; Secretaria de
Apoio a ABS. Caso seu grupo seja menor, ou maior, talvez outras funções devam
ser levantadas. Na época que liderava o núcleo do direito tínhamos a seguintes
funções:
1- Ministro
da palavra: o cara que levava os estudos;
2- Ministro
das relações exteriores: o cara que fazia contato com o resto da ABU-BH (ou
seja, ia aos GBs, aos treinamentos, repassava informações);
3- Ministro
das relações interiores: o cara que visitava nossos integrantes, ou delegava
visitas (tínhamos um plano de visitar os membros pelo menos uma vez por semana,
em seus intervalos, para bater papo mesmo – inclusive, evitando conversar
exclusivamente sobre a ABU. Os visitantes, claro, também deveriam ser
visitados);
4- Ministro
da oração do fogo do sétimo dia: ministro que cuidava das nossas reuniões de
orações no sábado.
Como pode
ver, éramos meio zoados. Farei outro poste sobre delegação de funções, mas fica
a dica por enquanto...
E você, o que
fez ao assumir sua ABU? Tem alguma boa ideia? Alguma dúvida? Alguma história? Tá
perdido? Conte aí!
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